segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sugestões para (re)lembrar este dia

A Flor de Abril - Uma história da revolução dos cravos


A "Flor da Liberdade" conta a história de um quadro pintado numa oficina iluminada por 37 anos de liberdade. Numa linguagem simples e escorreita, Pedro Olavo Simões explica aos mais novos como um cravo vermelho no cano de uma espingarda se fez símbolo da alvorada de um novo Portugal.
As belíssimas ilustrações de Abigail Ascenso e o relato, no qual se nota a formação jornalística do autor do texto, remetem-nos para o Portugal do início de 1974, pequenino país encolhido a um canto do mundo, como se estivesse de castigo. "O país vivia voltado de costas para fora".
No livro que foi apresentado sábado, 23 de Abril, às 16 horas, na FNAC de Santa Catarina, no Porto, Pedro Olavo Simões conta como um país pequeno, às  ordens de um homem que, mais do que reinar no mando, queria mandar no pensamento, se libertou do jugo sem disparar um tiro.
"A Flor de Abril" é "uma história da revolução dos cravos", em volta de Abril, que fala da Guerra do Ultramar, do homem que queria mandar sozinho, Salazar, e o que lhe seguiu e se rendeu, no Carmo, sem que um tiro fosse disparado, Marcelo Caetano.
Salgueiro Maia, Otelo e os Capitães de Abril, conta "A Flor da Liberdade", derrubaram a ditadura, mas foi o povo que saiu à rua e quem fez a revolução.
Sem o povo, que mais ordena, como se lê no livro e se ouve na Grândola Vila Morena recordada e explicada aos mais novos, a queda de Marcelo poderia não ter passado de um golpe de Estado, mas toda aquela gente que "não cabia em mil fotografias", consumou a revolução na rua assim que caiu o regime.
Saiu do povo a florista que cravou no cano de uma espingarda cinzenta um cravo vermelho, cor do sangue, contido durante a revolução, e apenas derramado na pidesca vingança de um punhado de agentes desesperados, que dispararam sobre o povo - quatro pessoas morreram e 45 ficaram feridas.
É essa flor, no cano dessa cinzenta espingarda que o pai de João imortaliza num quadro que pinta, carinhosamente, entre tantos outros.
É no descarnar desse símbolo, que o João, miúdo que terá ente os 8 a 12 anos, público preferencial mas não exclusivo da "Flor da Liberdade", fica a saber o que foi o 25 de Abril, como foi difícil aos portugueses aprenderem a caminhar com luz, após 48 anos na penumbra.
E também nessa flor da liberdade que o João fica a saber quanto vale um voto, que um dia o próprio terá a responsabilidade de levar a uma mesa eleitoral.
 
Título: A Flor de Abril
Autor(a): Pedro Olavo Moes e Abigail Ascenso 
Editora: Quidnovi



Este texto de Matilde Rosa Araújo, publicado em 1983 na colectânea A Velha do Bosque, é agora editado autonomamente pela Caminho, com soberbas ilustrações de João Fazenda. A obra merecia este tratamento pela qualidade do texto e pela temática seleccionada. A autora cruza a dimensão simbólica com a histórica, criando uma metáfora particularmente expressiva da libertação ocorrida em Portugal a seguir ao 25 de Abril. 
Por: Ana Margarida Ramos
Título: História de uma Flor
Autor(a): Matilde Rosa Araújo
Editora: Caminho

Recriação metafórica do 25 de Abril de 1974, a narrativa de Vergílio Alberto Vieira destaca-se pela brevidade e acessibilidade do registo seleccionado, do qual não está ausente um humor e uma ironia corrosiva. O olhar do autor sobre a realidade portuguesa, mesmo aquela que sai da Revolução de 1974, sobretudo se pensarmos que o livro assinala os 30 anos do acontecimento, não deixa de caracterizar-se, sobretudo no epílogo, por um certo desencanto. Dando especial relevo à intervenção dos militares e à forma como os capitães deram corpo a um desejo geral da nação, a narrativa, mesmo protagonizada por letras, segue de muito perto a História. 
Por: Ana Margarida Ramos
Título: A Revolução das Letras – O 25 de Abril explicado às crianças
Autor(a): Vergílio Alberto Vieira e Fedra Santos
Editora: Campo das Letras


Revisitação literária destinada ao público infanto-juvenil da Revolução de Abril, esta narrativa vem juntar-se a um corpus cada vez mais alargado de textos que recriam, de diferentes formas, aquele momento marcante da História portuguesa contemporânea. Esta edição coloca o acento tónico na questão da educação, destacando o acesso generalizado ao ensino, à escola e à formação como uma das mais significativas conquistas de Abril. Assim, o protagonista que, inicialmente, vai à escola contrariado é confrontado com uma realidade que desconhece, a dos seus pais e avós, privados de aceder livremente àquela instituição. Além disso, apresenta o analfabetismo, o trabalho infantil e a censura como estratégias conscientemente levadas a cabo por um governo que pretendia, deste modo, controlar as pessoas, inibi-las de pensar e de questionar o mundo em que viviam. O retrato de Portugal submetido à Ditadura é traçado com pormenor e é notório o apelo à valorização da Liberdade e das suas consequências. As ilustrações, coloridas e expressivas, procuram dar conta das realidades históricas retratadas, cristalizando motivos e imagens marcantes dos dois momentos que o livro recria. 
Por: Ana Margarida Ramos
Título: Do Cinzento ao Azul Celeste
Autor(a): Ana Oliveira e Helena Veloso
Editora: Calendário

Os volumes anteriores da colecção História de Portugal, respectivamente sobre a Ditadura de Salazar e a Guerra Colonial, parecem funcionar como antecedentes deste, que se centra na narrativa da Revolução de Abril propriamente dita, consequência quase natural de várias décadas de opressão, censura, pobreza e guerra. Neste livro, os elementos visuais mais marcantes são, além das personagens referenciais, retratadas com fidelidade e tornadas próximas pelo traço sensível da ilustradora, os objectos como os cravos e as espingardas. Estas, símbolo dos militares e do papel relevante desempenhado na mudança de regime, surgem, a par de outros elementos bélicos, conotadas com a Paz e a relativa tranquilidade que caracterizou a transição. Os cravos têm, na própria estrutura do livro, uma centralidade relevante, não só pelo impacto cromático da cor vermelha que surge disseminada por várias páginas, mas também por todas as conotações simbólicas que os caracterizam, associando-os ao movimento popular espontâneo, à vida e ao florescimento de um país depois de décadas de fechamento e isolamentos profundos, à esperança no futuro e nas novas gerações, aos movimentos políticos de esquerda, determinantes na preparação da acção revolucionária.
Por:Ana Margarida Ramos
Título:25 de Abril – Revolução dos Cravos
Autor(a): Paula Cardoso Almeida e Carla Nazareth
Editora: Quidnovi 

Este livro, com ilustrações de João Abel Manta que reforçam o carácter documental da publicação, assume-se como um testemunho pessoal das memórias de Abril, sobrepondo-se, de forma consciente e voluntária, o factual ao ficcional, dando conta do significado simbólico da data e das consequências que teve para Portugal e para os portugueses, permitindo ao destinatário jovem tomar conhecimento de uma realidade aparentemente longínqua, mas crucial para a compreensão do momento actual. Nesta medida, são, sempre que possível, estabelecidas analogias com a realidade presente e com a vivência quotidiana do leitor, convidado a manter vivo o espírito de liberdade e de tolerância e os ideais da Revolução. Desde os antecedentes da Revolução, com especial destaque para a censura, para a emigração forçada dos jovens em resultado da pobreza e da opressão, para as perseguições políticas e para a guerra colonial, o autor percorre os momentos mais emblemáticos que caracterizaram este período.
De: Ana Margarida Ramos
Título: O 25 de Abril Contado às Crianças… E aos Outros
Autor(a): José Jorge Letria e João Abel Manta
Editora: Terramar 


A história de um país estranho cujo povo, dominado pela tristeza, olhava o mar, suspirava pela mudança, mas nada fazia para que tal acontecesse; isso era causado pelas ratoeiras de medo que as pessoas tinham dentro da cabeça. As palavras e canções, que um cavaleiro que montava um cavalo de vento espalhou, levaram aquele povo a gritar em uníssono a palavra Liberdade. Quando isso aconteceu, os donos do país caíram da cadeira do poder e as flores e os sorrisos foram morar no coração das pessoas.
Por:Rui Marques Veloso
Título: No dia em que as flores mudaram de sítio
Autor(a): José Vaz e Agostinho Santos
Editora: Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia

 

Terceiro volume das aventuras de Luís, Ana, Filipe Nuno, a narrativa de Maria Mata, com ilustrações de Susana Oliveira, através de um curioso jogo temporal e narrativo (procedendo ao encaixe de uma narrativa dentro de outra passada 20 anos antes da primeira), recria, a partir do ponto de vista das crianças que a protagonizam, a experiência da Revolução de Abril de 74, as suas movimentações civis e militares e o significado simbólico da data. Estruturado sob a forma de uma novela histórica e integrando muitos elementos das narrativas juvenis de mistérios e aventuras, o livro cruza factos históricos com outros ficcionais, esclarecendo os leitores contemporâneos sobre os contornos daquela data. É também a funcionalidade informativa que justifica o paratexto final, contendo dados explicativos sobre o 25 de Abril e as fotografias alusivas à data, na sua grande maioria de Eduardo Gageiro.
Por:Ana Margarida Ramos 
Título: L. A. & Cª no meio da revolução
Autor(a): Maria Mata e Susana Oliveira
Editora: Civilização 
 
  
A novela de Mário Castrim tematiza, de um ponto de vista singular, a questão da vigência da Ditadura salazarista e os seus reflexos no universo escolar, recriando, através de uma narrativa encaixada, as diferenças entre a actualidade e o Estado Novo. Trata-se, de alguma forma, de aproximar os jovens leitores contemporâneos, através das comparações implicitamente sugeridas, de uma realidade desconhecida, marcada pela falta de liberdade, pela censura e pela intolerância. O ambiente escolar, as relações entre os jovens, as condições de vida das famílias assim perspectivados permitem perceber as modificações introduzidas pela Revolução de Abril e pela Liberdade. Com um discurso vivo e cativante, marcado pela coloquialidade e pelo diálogo e acção constantes, Mário Castrim consegue cativar os leitores e desafiá-los a tirar as suas conclusões pessoais das várias histórias que aqui são narradas.
Por:Ana Margarida Ramos 
Título: O Caso da Rua Jau
Autor(a): Mário Castrim e José Saraiva
Editora: Campo das Letras

 

Recorrendo ao modelo da narrativa histórica, respeitando dados factuais e personagens referenciais (como é o caso da figura central de Salgueiro Maia), o autor propõe, com verosimilhança, uma narrativa paralela acerca da Revolução de Abril, centrada em personagens ficcionais, que cruza a primeira e a contextualiza, aproximando-a do universo de referências dos leitores. Transformando a figura anónima e até marginal do rapaz da bicicleta em elo fulcral, verdadeiro motor, dos acontecimentos de 25 de Abril de 74, o narrador fornece uma perspectiva singular, a partir do ponto de vista de uma criança que testemunha e condiciona o desenrolar de um dia histórico. A ilustração da narrativa, da responsabilidade de António Modesto, também recorre, de forma mais pontual, a uma estratégia semelhante. Partindo de algumas imagens fotográficas marcantes do dia da Revolução e, em particular, da actuação de Salgueiro Maia, o ilustrador recria, à semelhança do que acontece na narrativa, um universo paralelo, a partir da história do rapaz que dá título ao livro.
Por: Ana Margarida Ramos 
Título: O Rapaz da Bicicleta Azul
Autor(a): Álvaro Magalhães e António Modesto
Editora: Campo das Letras


Revisitação poética da história do 25 de Abril de 1974, com particular relevo para os antecedentes da Revolução, recriando a vida em Portugal durante a vigência do Estado Novo, Romance do 25 de Abril, de João Pedro Mésseder, sublinha ainda as consequências trágicas desse longo período da História portuguesa contemporânea, como as perseguições políticas, a censura e a Guerra Colonial, entre outros aspectos. A opção pelo "romance", enquanto género da literatura tradicional, permite a valorização da memória e do cariz épico das história narrada, destinada a perdurar pela transmissão de geração em geração. Com ilustrações de Alex Gozblau, o livro ganha uma especial identidade, vendo sublinhada a dimensão referencial da narrativa através da representação iconográfica fiel das figuras cimeiras do Estado Novo. As ilustrações sugerem de forma particularmente intensa a transição entre a Ditadura e a Liberdade, servindo-se da variação cromática com evidentes intenções semânticas e pragmáticas. Vejam-se, como elementos claramente significativos do ponto de vista visual, a articulação entre a capa e a contracapa, assim como a leitura das guardas iniciais e finais, retomando alguns dos motivos simbólicos mais significativos da época revisitada.
Por: Ana Margarida Ramos 
Título: Romance do 25 de Abril em prosa rimada e versificada
Autor(a): João Pedro Mésseder e Alex Gozblau
Editora: Caminho

É a partir de uma metáfora que António Torrado estrutura Vassourinha entre Abril e Maio, obra publicada em 25 de Abril de 2001 e que conta com ilustrações de João Abel Manta. O texto caracteriza-se pela insistência num conjunto muito significativo de jogos de palavras e de sons, pelo recurso à aliteração, à rima e às repetições, sobretudo na primeira parte da narrativa, promovendo sugestões paralelísticas. A divisão da acção em duas partes distintas permite a percepção de dois momentos significativos: o antes e o depois da revolta da vassoura.
Por:Ana Margarida Ramos 
Título: Vassourinha entre Abril e Maio
Autor(a): António Torrado e João Abel Manta
Editora: Caminho
 

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